sábado, 6 de setembro de 2025

PENITÊNCIA


Como se me martirizar
pudesse me trazer
alguma absolvição...
Me vem a culpa.

Por estar vivendo
normalmente.
Por continuar dormindo,
acordando, comendo,

conversando, beijando,
fazendo amor e amando,
loucamente e intensamente,
do único jeito que eu sei.

Por reclamar
de pequenas coisas.
Por sofrer.

Por ainda dar importância
a coisas que de de repente
perderam toda a importância.

Por sentir...
Por pensar em coisas fúteis.
Por até rir às vezes!
Por estar sã.

Por ser saudável.
Por ter o meu corpo
inteiro...

Enquanto nesse momento
tem gente se desmanchando,
literalmente ou não,
de um jeito avassalador.

Me sinto quase
uma criminosa.

Alcíone Pimentel
 

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