Não falarei da nossa rosa
nem dos meus espinhos.
Cerrarei os olhos
pra nenhuma gota escapar.
Cortarei a doçura do mel
para não enjoar.
Arrancarei as asas
para não viajar.
Não dormirei
para não sonhar.
Grudarei os pés ao chão
para não voar.
Tomarei antitérmicos
para não delirar.
Lembrarei que tudo, tudo
não passa de impressão.
Mas, por favor,
não me feche a porta.
Onde vai como branca alcíone buscando o rochedo pátrio nas solidões do oceano?" (José de Alencar)
sábado, 25 de fevereiro de 2012
Arte
Ao menos posso dizer,
se não que fui amada,
que fui tocada
por um anjo.
Se o meu amor
valeu um poema,
então viver
ainda vale à pena.
No fundo,
só mais uma flor
para enfeitar o jardim do mundo.
Um tributo ao Criador.
se não que fui amada,
que fui tocada
por um anjo.
Se o meu amor
valeu um poema,
então viver
ainda vale à pena.
No fundo,
só mais uma flor
para enfeitar o jardim do mundo.
Um tributo ao Criador.
Uma rosa em preto e branco
A rosa virou cinza.
O verde do mar
desbotou.
O brilho do sol
se apagou.
Tudo continua lá,
porém sem cor.
Feito retrato antigo
que amarelou.
O rosa ficou cinza.
O verde do mar
desbotou.
O brilho do sol
se apagou.
Tudo continua lá,
porém sem cor.
Feito retrato antigo
que amarelou.
O rosa ficou cinza.
DESPERDÍCIO — Pelos poros
Meu Deus!
Pra que tanta beleza
se derramando assim,
entrando
pelos meus olhos,
transbordando
direto ao coração,
invadindo
meus pensamentos,
preenchendo
todo o meu ser,
penetrando
meu corpo
e perturbando
minh'alma?
Chega a ser acinte...
Chega a ser pecado...
Pra que tanta beleza
se derramando assim,
entrando
pelos meus olhos,
transbordando
direto ao coração,
invadindo
meus pensamentos,
preenchendo
todo o meu ser,
penetrando
meu corpo
e perturbando
minh'alma?
Chega a ser acinte...
Chega a ser pecado...
Processo
Primeiro eu te desprezaria
Indiferença fingiria
Depois te odiaria
E no teu rosto cuspiria
Então eu te chacoalharia
E mil desaforos te diria
Mas logo eu me arrependeria
A tua ausência me castigaria
A tua falta me torturaria
A saudade me enlouqueceria
E aos teus pés eu me ajoelharia
E mil vezes perdão pediria
E o meu corpo inteiro tremeria
E muito mais que nunca eu te amaria
Indiferença fingiria
Depois te odiaria
E no teu rosto cuspiria
Então eu te chacoalharia
E mil desaforos te diria
Mas logo eu me arrependeria
A tua ausência me castigaria
A tua falta me torturaria
A saudade me enlouqueceria
E aos teus pés eu me ajoelharia
E mil vezes perdão pediria
E o meu corpo inteiro tremeria
E muito mais que nunca eu te amaria
Distância
Às vezes,
ao mesmo tempo que me alegro,
entristece-me
não pertencer a um mundo
do qual não faço parte
mas, mesmo assim,
é tão importante pra mim.
Então reflito
que se não fosse desse modo
não seria o mesmo mundo...
E me lembro
que a Sabedoria de Deus é infinita
e que cada um de nós está
exatamente
onde precisa,
merece
e deve estar.
ao mesmo tempo que me alegro,
entristece-me
não pertencer a um mundo
do qual não faço parte
mas, mesmo assim,
é tão importante pra mim.
Então reflito
que se não fosse desse modo
não seria o mesmo mundo...
E me lembro
que a Sabedoria de Deus é infinita
e que cada um de nós está
exatamente
onde precisa,
merece
e deve estar.
Véu
Beijarei
como se não gostasse
de mel.
Amarei
como se não chegasse
ao céu.
Olharei
como se não quisesse
devorar o réu.
Calarei
como se nada houvesse
que importasse falar.
Sorrirei
como se não tivesse
secreta emoção pra chorar.
Vestirei minh'alma
para só o meu corpo
nu entregar.
como se não gostasse
de mel.
Amarei
como se não chegasse
ao céu.
Olharei
como se não quisesse
devorar o réu.
Calarei
como se nada houvesse
que importasse falar.
Sorrirei
como se não tivesse
secreta emoção pra chorar.
Vestirei minh'alma
para só o meu corpo
nu entregar.
Paradoxo
Encanta-me
— por que não dizer?—
a vulnerável fragilidade
disfarçada em prepotente arrogância
que se esconde atrás
do poder de domínio.
Admiro
— pra que negar?—
a falta de juízo
"versus" os nobres escrúpulos,
a ânsia de voar
"versus" os pés fincados ao chão,
a profunda sensibilidade
"versus" a mais absoluta objetividade...
Fascina-me
a eterna guerra
entre a razão e a emoção...
O homem tão seguro
que me nega colo.
O menino inseguro
que dá vontade de pegar no colo...
— por que não dizer?—
a vulnerável fragilidade
disfarçada em prepotente arrogância
que se esconde atrás
do poder de domínio.
Admiro
— pra que negar?—
a falta de juízo
"versus" os nobres escrúpulos,
a ânsia de voar
"versus" os pés fincados ao chão,
a profunda sensibilidade
"versus" a mais absoluta objetividade...
Fascina-me
a eterna guerra
entre a razão e a emoção...
O homem tão seguro
que me nega colo.
O menino inseguro
que dá vontade de pegar no colo...
Ciclo
O moralismo
é a hipocrisia dos arrogantes,
a arrogância dos hipócritas,
que se julgam superiores
às chamadas "fraquezas" humanas.
É chuva que não molha.
É sol que não ilumina.
É fogo que não aquece.
É terra que não germina.
Para chegar à evolução,
é preciso começar no chão
no terra-a-terra
no vulcão...
é a hipocrisia dos arrogantes,
a arrogância dos hipócritas,
que se julgam superiores
às chamadas "fraquezas" humanas.
É chuva que não molha.
É sol que não ilumina.
É fogo que não aquece.
É terra que não germina.
Para chegar à evolução,
é preciso começar no chão
no terra-a-terra
no vulcão...
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