domingo, 11 de dezembro de 2011

Abraço


Em seus braços
me aqueço
me esqueço
...
Virando ao avesso
em livre compasso
fora do tempo e do espaço
...
Num recomeço
sem laços
sem passos
...

sábado, 12 de novembro de 2011

Infinito conhecimento, eterno descobrimento


É como aquela obra de arte,
que quanto mais eu olho,
mais beleza vejo,
mais bela me parece.

É como o mar,
que quanto mais observo,
mais me encanta,
com sua força e mistério
e insuspeitada singeleza.

É como aquele livro,
que quanto mais eu leio,
novos detalhes descubro
e mais admiro.

É como a Criação Divina,
que a cada dia vai se revelando
e quanto mais dela vislumbro,
mais eu amo. 

domingo, 6 de novembro de 2011

Metamorfose


Posso pintar os lábios,
mas não mudar o gosto
da minha boca.
Posso usar lentes de contato,
mas não esconder o brilho
dos meus olhos.
Posso vestir negro,
mas não arrancar o cor-de-rosa
do meu coração.

Posso mudar a cor dos cabelos.
Posso mudar meu comportamento.
Só não posso mudar minha essência.
E muito menos o sentimento.


domingo, 2 de outubro de 2011

Quadro



Pode-se mudar a cor,
a forma,
para agradar
aos olhos de quem vê...

À crítica,
ao público-alvo,
à clientela que se quer atingir,
a quem bem aprouver...

Mas a essência da obra,
essa é intocável.

sábado, 13 de agosto de 2011

Filosofia



Finalmente descobri
a verdade universal:
Se o tempo que eu gasto com a minha rosa
é que faz com que ela seja especial,
então o especial está em mim
e não na rosa, afinal.

domingo, 7 de agosto de 2011

De guerrilheiro a conquistador


O menino cresceu.
Arrogante,
hoje usa gravata.
Persegue o sucesso,
o domínio,
o poder.

Elimina tudo
que possa ameaçar
o intocável mundo perfeito
que construiu ao redor de si
para se proteger.

Agora é ele quem determina.

A menina
não o reconheceria.

domingo, 17 de julho de 2011

Batendo no ombro



Quem és tu
tão ocupado
tão concentrado
aí debruçado
sobre o passado?

Imortal das letras
Crítico exigente
Perfeccionista arquiteto

Divide versos
— ritmo e cadência
Desenha rimas
— raras, ricas, nobres, preciosas
Substitui vocábulos
Separa, junta, inverte

Converte
Subverte
Enriquece
Enobrece
Faz e acontece

Mas não esquece:
Vê se não vai trair o poeta!!!

sábado, 9 de julho de 2011

Ao nobre colega


Discordo.
Poesia
não tem de ter razão:
só coração.
Pura e simplesmente
coração.

De razão
só o suficiente
para melhor expressar
o que pensa o coração.


sábado, 11 de junho de 2011

Desclassificação


Não me chame de poeta.
Não gosto de rótulos.
Não sou poeta.
Apenas gosto de escrever.

Dizem que o poeta
escreve para o mundo.
Ainda bem que não sou poeta!
Não preciso me adequar
a nenhuma regra...

domingo, 1 de maio de 2011

Despoesia


De propósito não rimo.
A vida quase nunca tem rima.
E as palavras, quase sempre mal empregadas,
nunca dizem o que realmente querem dizer.

Para que aprender tanto
da língua que tanto amo,
se não serve para me expressar
mas serve para me enganar?


quinta-feira, 21 de abril de 2011

Síntese

 
Meu querer é tão louco
que todo ter é pouco.
Até o mais absoluto ter
ainda seria pouco
para esse louco querer
que, de tão louco,
vive do próprio querer.


sábado, 16 de abril de 2011

Plêiades




Somos sete estrelas irmãs.
São sete as letras do meu nome,
sete os eus dentro de mim...
Serão sete
as vezes que te amei?



sábado, 9 de abril de 2011

ADVERTÊNCIA — Ilusão de ótica



Não se engane.
Não se trata de você.
Em cada verso
        palavra
        letra
é a mim que se lê,
ainda que refletido
em outrem
qualquer.

domingo, 3 de abril de 2011

História de Clara





Pequena e frágil, ela nasceu da neve, mas tinha uma chama interna que a derreteu. Cresceu, virou mulher.
Sua pele, de tão branca, ficou transparente: podia-se ver seu coração pulsando, o sangue correndo nas veias.
Seus olhos tinham uma cor diferente, indefinível, quase transparente, que mudava de tom conforme o sentimento. Possuíam um brilho especial, singular, onde se podia ler seus pensamentos.
Mas continuava crescendo, a pele branca esticando, ia ficando cada vez mais transparente... Sentia-se envergonhada, o coração exposto, o vermelho intenso do sangue pulsando... Sentia-se nua, à mercê do mundo.
Menina-mulher, ainda crescia e cada vez menos aparecia. Até que nada mais dela se via (nem sangue, nem coração), a não ser sua alma, sua aura, uma flama, uma luz sutil, peculiar, que mudava de cor conforme o momento, o pensamento, o sentimento.
Um dia, mulher-menina, olhando-se no espelho, de repente já não se via mais. Nele se refletia a imagem do outro, por trás de si, através dela...
...
Mas o mundo descobriu. E a apontou. E a acusou. De feitiçaria.
E como bruxa o mundo a julgou, condenou, castigou, executou...
Como bruxa foi queimada, condenada, não a morrer, mas a arder eternamente na fogueira.
Acreditavam que o fogo a purificaria, mas não enxergaram, em meio às labaredas, a verdadeira chama da vida.
Ninguém percebeu que não passava de um anjo.

domingo, 27 de março de 2011

Amor de estrela


Por: Kátia Cavalcante Beltrano Fico


O meu amor é cristalino,
tão grande, tão menino.
É um amor assim
gigante que toma conta de mim.
Ganha uma dimensão
tão real que não
cabe no coração...
É por isso que o meu amor
sai de mim e reproduz o meu ser
no teu ser.
É por isso que esse sentimento invade,
toma conta de todos os espaços,
preenche a tua vida
e recria-se no seu sim.
O meu amor, por ser tão gigante é indefeso,
não consegue seguir sozinho...
sai por aí tropeçando em tudo:
ciúmes, medo dor e querer.
É um querer exagerado,
quase que desesperado.
Tem o amor (que já não é só meu):
tem vida própria,
iniciativa,
liberdade,
irreverência.
Acredita ser dono do mundo,
ter poder absoluto.
E em seu nome toma decisão.
Não há mais razão,
não há mais corpo,
não há mais pele.
Só o tal amor,
que rói ossos,
que dói na alma,
que fere gente inocente,
que faz coisa indecente.
É aquele amor...
Aquele que nasceu na fonte,
puro,
limpo,
livre e
cristalino.
Mas por ser tão grande,
tão menino,
é vadio e egoísta.
Então, consciente de sua falta
de consciência,
faz eu esse amor,
voltar à sua origem,
voltar às minhas entranhas,
rever as voltas que a vida dá.
Consumir o amor por amor.
Destruir,
diluir,
reduzir...
E aí sim posso de novo dizer:
O meu amor é cristalino,
tão grande, tão menino.
É um amor assim,
só amor.
Um amor
tão só!

sábado, 19 de março de 2011

Turquesa / Para falar de você


Azul turquesa deveria ser sua cor.
O azul, ora tranqüilidade
ora céu.
O azul nebuloso
como o teu humor.
O azul forte
como o teu amor.
O azul meio anil
meio doentio
vadio
útil
fútil.
O azul que lembra o sonho
o ser medonho
o ter tristonho.

Turquesa de truque
de princesa.

É você,
rainha das certezas
que há em todas as incertezas.

É você turquesa e azul,
princesa de um mundo imaginário
criado somente para o seu bel prazer!

Kátia Cavalcante Beltrano Fico



Para falar de você não preciso de muito tempo,
basta te olhar assim... com olhos puros de conceitos,
me liberar dos meus preconceitos.

Num instante posso dizer que você é estrela
porque tem luz própria, porque é bela 
mas deve ficar no "escuro", na "sombra" do universo.
Só assim podem te ver.

O teu coração de tão vermelho parece sangrar,
será de prazer ou de dor?

Num instante posso afirmar que você é menina deslumbrada 
com cada pedacinho de emoção que a vida pode dar,
porque você é energia, filtra o mal e devolve alegria.

O teu corpo frágil parece se fortalecer,
será de prazer ou de dor?

Tua alma está transparente 
(cuidado, não sou a única que pode ver!),
não é pequena, é ágil, sempre em sintonia, 
sempre à espera de um bem-querer, um olhar amigo,
um ombro irmão, um amor verdadeiro.

Vejo você como em A Bela e a Fera, 
assistindo o mundo através do espelho.
Você tem um  anel para ir e voltar quando quiser?
Você tem um relógio para saber quando ir e voltar?

E se teus olhos te traírem?
Te cubro com um véu, te dou o meu aval, 
mas será que é o suficiente para reprimir 
esse gritar que é o amor?

Qual o preço da felicidade?
Qual a razão do amar tanto assim?
Qual é o perdão?
Quanto vale se entregar tanto assim?

Tenho certeza que vale à pena. 
Tenho certeza que é bom.
Porque você vibra, porque você renasce
cada vez que diz Oi!

Kátia Cavalcante Beltrano Fico 


domingo, 13 de março de 2011

Gaivota


Voa, menina
Célere e solta
Sobre as paisagens
Densas do amor
Mas não te percas
Pelo caminho
Sonha, desperta
Alça teu voo
Constrói o teu ninho
Sei que é difícil
A caminhada
Mas não te entregues
Sem resistir
Seja gaivota
Mas saiba pousar
Caso precise
De um porto seguro
Onde a mágoa ancorar
Conta menina
Tuas andanças
Não te arrependas
Do passo que der
Muitos atalhos
Há pra escolher
Pega teu leme
Navega sem medo
De se perder
Esquece os amores
Em mágoas perdidos
Outros carinhos
por certo virão
Abre um espaço
No teu coração
Que sempre haverá
Uma ave querendo
Esse ninho, esse chão.

Vicente de Souza